Casa minimalista por fora, surpreendente por dentro

Mariana Caldeira Mariana Caldeira
Casa em Leiria com o Arq. Manuel Aires Mateus, A Linha da Vizinha A Linha da Vizinha
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O projeto que lhe apresentamos hoje é da autoria da equipa Linha da Vizinha, especializada em design de interiores, em parceria com dois arquitetos portugueses que dispensam apresentações – Francisco e Manuel Aires Mateus.

Situado na periferia de Leiria, o projeto encontra-se numa área do terreno ligeiramente elevada que permite um olhar privilegiado sobre a cidade. Contudo, a construção descaracterizada e pouco interessante que envolviam o lote acabaram por levar os arquitetos a desenhar uma habitação muito fechada sobre si mesma.

Contexto

A aparente simplicidade com que o volume é lido resulta, na realidade, de um trabalho bastante complexo que teve como base três considerações fundamentais: Em primeiro lugar a já referida consciência de uma envolvente heterogénea composta por edifícios de origens rurais com novos edifícios residenciais. Em segundo, a relação visual com uma das maiores imagens de marca da cidade – o castelo medieval situado a alguns quilómetros da obra. E finalmente, a considerável escala desta habitação que com quatro quartos  e outras necessidades programáticas acabou por integrar uma área de cerca de trezentos metros quadrados.

Conceito

Respondendo aos problemas levantados pelas considerações iniciais, os arquitetos foram resolvendo o programa com princípios bastante claros. Partindo do cenário arquitectónico que envolvia o lote, foi projetado um volume de fachadas cegas com uma única abertura lateral em direção ao Castelo de Leiria e uma abertura vertical que configura um vazio central na casa. A questão da dimensão total da habitação acabou por ser resolvida através da integração de um elevado número de funções em construção subterrânea.

Organização

Funcionalmente, a obra segue uma estrutura bastante simples: No piso térreo foram distribuídos, em torno do vazio central, os espaços correspondentes às funções mais públicas da casa (cozinha, espaço de refeições, sala de estar e estúdio). Nas áreas subterrâneas encontram-se os quartos, as casas de banho e a garagem sendo que o piso superior apenas integra um espaço para receber convidados.

Iluminação

Para um edifício tão fechado o interior da casa é surpreendentemente bem iluminado. Este efeito foi conseguido através de uma sistema de pátios que serve todos os espaços. Além do vazio vertical central que atravessa o volume desde a cobertura ao piso subterrâneo, foram criados mais quatro pequenos pátios, cavados no terreno, que permitem iluminar as áreas subterrâneas da obra.

Materiais

Os materiais e as de cores utilizadas ao longo de todo o projeto são igualmente interessantes. Enquanto as fachadas foram totalmente revestidas num plástico que lhes confere uma tonalidade especialmente branca, os interiores integram uma paleta bastante mais diversificada. Com pavimentos e mobília em madeira local, grandes vãos em vidro, paredes pintadas em tons de cinza e casas de banho em Lioz, o design de interiores acabou por contrapor um exterior minimalista com um interior caloroso e surpreendentemente acolhedor.

Interiores

A decoração e cuidado dos interiores foi bastante minimalista introduzindo, pontualmente, alguns elementos de cores mais fortes. – Uma decisão sensata que reconhece a qualidade do projeto de arquitetura e admite os pátios como os principais elementos decorativos de cada divisão.

Uma obra total

Esta obra é a prova que, de facto, as aparências iludem: Uma aparente simplicidade formal esconde uma complexidade arquitectónica muitíssimo bem resolvida, um volume fechado que camufla um sistema de iluminação natural excepcional e uma simplicidade exterior que se transforma em espaços verdadeiramente acolhedores. É seguramente necessário um domínio arquitectónico brilhante para atingir um resultado final com esta qualidade.

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